quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Comunidade cultiva horta orgânica em Coutos



Água e terra se tornaram ingredientes de cidadania e reabilitação social. Os moradores do Loteamento Moradas da Lagoa, no bairro Fazenda de Coutos, em Salvador, garantem renda e uma alimentação saudável através de uma horta orgânica. Inicialmente existem 32 famílias que cultivam produtos sem uso de agrotóxicos em lotes numerados, com extensão entre 200 a 400 metros quadrados, dando uma área total aproximadamente 10 mil metros quadrados.
José Pedreira, agrônomo, ou “Professor Juca” como é chamado na comunidade, auxilia as famílias desde novembro de 2003. Pedreira conta que seu objetivo é estimular a implantação de hortas domésticas. Mas o que motivou Juca foi poder ajudar as pessoas que não tinham oportunidade de emprego e que precisavam sustentar sua família.
A moradora Sueli Alves dos Santos, possui um lote de 400 metros quadrados, e de lá que ela tira o seu sustento. Regar a terra todos os dias já faz parte do seu cotidiano, mas só faz a colheita das hortaliças duas vezes por semana, sempre às 5 horas. Ás 7 horas ela sai para vender sua mercadoria de casa em casa. “Eu prefiro vender de casa em casa do que ir a feira, não gosto muito disso”, declarou. Seu marido, Ailton Macedo, que está desempregado no momento, é quem ajuda a lavrar a terra. “Para não ficar sem fazer nada dentro de casa, eu ajudo capinando, por ser um trabalho muito pesado para mulher”, falou.
Jussara Gomes dos Santos, 36 anos, trabalhava nas ruas da Barroquinha vendendo lanches e hoje se dedica integralmente a sua horta. Ela já possui um lote de 400 metros quadrados e sua plantação é diversificada com várias espécies de hortaliças como: couve, coentro, beterraba, cebolinha, salsa, dentre outros.


Pimenta e fumo são os fungicidas naturais empregados para livrar a lavoura das pragas. Esses ingredientes são usados separadamente, primeiro pegam a pimenta ou o fumo misturam a uma pequena quantidade de água (aproximadamente três litros), deixam de infusão por oito dias, passado esse período o sumo é misturado em um balde com água, e depois usado para regar a plantação.
“Mas o único problema que temos aqui são as formigas, elas comem os espinafres, couves e, além disso, tem as picadas”, disse Jussara. O agrônomo que acompanha a comunidade, Juca Pedreira, já procurou vários métodos para extinguir o inseto, porém sem muito sucesso, declarou Jussara. Além da plantação os insetos atingem os moradores, que reclamando das picadas, pois elas marcam suas pernas e pés e deixam manchas visíveis nas pessoas alérgicas. Quem tem melhor condição usa botas plásticas ou improvisa uma proteção enrolando plásticos nas pernas para evitar as picadas.


O herbicida natural não está resolvendo o ataque das formigas, (Paratrechina longicornis), mais conhecida como “lava-pés”. Elas se tornaram as maiores inimigas das plantações do loteamento. Vários métodos já foram utilizados como: cravo-da-índia, borra de café, água sanitária dissolvida em água, dentre outros. Também foram usados repelentes naturais, mas ainda nada conteve as formigas que são “inimigas naturais” dos agricultores.
O critério usado na Agricultura Orgânica é o de não agredir o meio ambiente e a saúde, preservando assim a biodiversidade. Sua principal meta é o uso de materiais naturais, como esterco, calcário, mamona, entre outros. Assim evitando o manejo de elementos estranhos ao meio rural, como os agrotóxicos.

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